A enquete foi:
Com
toda certeza, os termos políticos: “esquerda” e “direita” ganharam um novo
significado no Brasil, mas é notório que ainda carregam traços
determinantemente simbólicos da Revolução Francesa (1789-1799). Para quem não se recorda de ter lido sobre isto, vai
um resumão:
Na época da Revolução Francesa, a burguesia (comerciantes e
prestadores de serviços), procurava juntamente com a população mais pobre
(plebe), diminuir os poderes da nobreza e do clero (igreja). Com a criação da
Assembleia Nacional Constituinte, as classes eram reunidas para que fosse
criada uma nova Constituição. Pelo fato das camadas mais ricas (nobreza e
clero) não aceitarem a ideia de se “misturar” com a camada mais pobre, esta por
sua vez se sentou ao lado oposto da mesma, ao lado direito. E é por isso que a
esquerda é vinculada a lutas sociais e direito dos trabalhadores, pelo fato de
que na Revolução Francesa, a camada mais pobre da sociedade se sentou à
esquerda.
Muito bem, mas o que isso tudo tem a ver com o Rap ou o
movimento Hip Hop em si? Bem, como a maioria das pessoas envolvidas de alguma
forma com Rap/Hip Hop devem saber, o nosso movimento emergiu nos anos 70, “criado”
pelo também fundador da Zulu Nation, Afrika Bambaataa, e tinha como objetivo
através dos quatro elementos (MCing, DJing, B-Boying & Graffiti Writring) a
“Paz, União e Diversão”.
E o tempo passou e tantos outros estilos musicais se incumbiram
politicamente, e com o rap não foi diferente. Definitivamente não mesmo. Por se
tratar da música originalmente de gueto, nascida na favela, o Rap foi utilizado
como estopim de um povo que não sabia como recorrer. Ainda adentrado nos
Estados Unidos, temos como notório exemplo o grupo N.W.A (Niggaz Wit Attitudes),
que usou sua voz pra expor o modo racista que a polícia agia/age nos guetos.
Fuck Tha Police:
Fuck the police comin’ straight from the underground
A young nigga got it bad cause I'm brown
___
Foda-se a policia,
diretamente do submundo
Um jovem negro só se
fode porque sou escuro
No
Brasil o engajamento político sempre foi forte, chegando aqui na década de 80,
o rap sempre sofreu represália em nosso país por ser considerado violento e
tipicamente de favela. O que na realidade, deu mais força ao movimento
(representado na época por Racionais Mc’s, Thaíde e DJ Hum, Sabotage e outros)
e serviu de combustível para o movimento crescer e chegar as atuais proporções.
Hoje,
o rap ainda trás consigo um engajamento político muito forte, mas muitos dos “rappers”
não têm essa preocupação em suas vidas pessoais e a musica deles é reflexo
desse “desinteresse”. É necessário entender que a política é uma ferramenta de
mudança, e se as pessoas tiverem a consciência disto, com certeza muitas das
realidades do Brasil hoje podem ser modificadas, e em certo ponto, é papel do rap
conscientizar estas pessoas, ou pelo menos, despertar o pensamento crítico do
mundo ao seu redor.
Independente
da sua posição política, direita ou esquerda, acreditamos ser seu papel
informar, além de entreter. Respeitamos seu direito de não “expor lados”,
afinal, todos nós temos o direito de sermos imparciais sobre determinado
assunto, ou temos o direito de acreditar que nossa opinião pessoal política
possa afetar negativamente nossos ouvintes de ideias contrárias (e isso é
passível de acontecer, visto que nem todos estão prontos para ouvir opiniões, e
assimilar o que acha bom, sem levar para o lado pessoal).
Fica
aqui a nossa contribuição para que pensemos mais a cerca desse assunto, e
possamos a partir de então, contribuir com a discussão de modo efetivo, respeitando sempre.
Viva
o Rap!